espaço que alicia o pensamento, particularmente o perverso
18
Jan 05
publicado por rogerio, às 15:40link do post | comentar
Partia rumo a lugar nenhum, quando de repente encontrei alguém que procurava sem no entanto querer encontrar. Passei despercebido por ela e lancei-lhe um olhar intimista e altamente provocador…A sua face reagiu com uma expressão que não sei bem o que queria dizer…nem sei se queria dizer alguma coisa…continuei perdido entre um desejo puramente egocêntrico e fugaz, e um outro, mais idealista e autêntico.
…Como se por magia do acaso, no dia seguinte, volto a encontrá-la no mesmo lugar e á mesma hora, e os nossos olhares voltam-se a encontrar. Desta vez parece que algo se começa a delinear. O seu olhar deixa-me petrificado e acabo por não conseguir controlar humanamente as minhas emoções…rapidamente continuo a avançar para lugar nenhum, mas agora caminho com certezas…Passei ao lado de um grande amor ou provavelmente terei amado alguém naquele momento em que os nossos olhares tão indiscretamente se cruzaram. A nossa relação acaba por ser perfeita e efémera, como todas as relações ideais que se prezam. Deixei de ter dúvidas em relação ao seu amor, mas acabaram invariavelmente por surgir dúvidas em relação à minha atitude…dúvidas…dúvidas e mais dúvidas…
Parto sempre com as mesmas dúvidas, mas acabo finalmente por achar que para encontrar um caminho é tão só preciso percorrê-lo…dou-me de repente a pensar como um filósofo vulgar, entregue pura e simplesmente ás suas teorias e praticamente preso aos seus princípios…Detesto ser um Homem de princípios, estandardizados, coerente e demasiado teórico! Para esses, as situações banais resumem-se quase sempre a grandes dissertações filosóficas, quase sempre inquietantes e exageradamente intelectualizadas. Como se tudo pudesse ser explicado com longas dissertações e pensamentos…
…Entrego-me a um silêncio quase mórbido e sinistro e deixo de pensar no que quer que seja…acabo naturalmente por chegar a conclusões óbvias e reveladoras…
Da terceira vez que passo por ela, inexplicadamente, deixo de sentir o que sentia, mas continuo a pensar naquela troca de olhares tão simples e sublime…como se a seta de um cupido qualquer me tivesse acertado em cheio, mas depois outra seta vinda na mesma direcção neutralizasse os efeitos da primeira. Se calhar é possível amar alguém num momento e detestar esse alguém para todo o sempre, mas ainda assim prefiro pensar que “o amor é eterno enquanto dura”…


FIM


Espaço de comentários viciados:

“Paixão? Que sentimento mais estranho e terrivelmente assustador. Amor à primeira vista? Pois…pois…como se isso fosse possível!”

(comentário do cidadão intelectualmente superior)


“Se não fizeres o que tens a fazer mais cedo, acabarás por te tornar demasiado velho para aquilo que tens a fazer. Pensem…eu não sou obrigado a explicar tudo! Nem é esse o meu objectivo…Mesmo assim acho que foi um bom filme! Nota 10 para a exibição de Clooney!”

Pequeno excerto de 'Ocean’s Twelve':

Danny Ocean: Do I look 50 to you?
Basher Tarr: Yes.
Danny Ocean: Really???
Basher Tarr: Well... from the neck up.

(comentário do crítico de cinema extremamente atento a tudo o que se pareça com um filme)



“Hey! ‘O amor é eterno enquanto dura’ é uma frase de Vinicius Moraes! Quem te deu o direito de utilizá-la no teu artigo?”

(comentário de um analista dos direitos de autor extremamente picuinhas e preocupado com a saúde da literatura)



"O quadro do amor é eterno foi vendido e tu sabes
bem"
olhos a 19 de Janeiro de 2005 às 08:03

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